17.2.08

A Irmandade

*Eu mesmo escrevi, não plagiem!! Direitos autorais!! xD*

A rua da igreja estava em silêncio. Nem mesmo os costumeiros cães que viviam na rua estavam latindo e nenhum mendigo resmungava, bêbado, deitado pela calçada, como sempre ocorria nas outras noites. Não, hoje estava diferente.

Um vulto então saiu entre as sombras por uma porta discreta, do lado direito da rua. Fechou-a sem fazer barulho e voltou-se para um dos lados do caminho. A luz do poste mais próximo iluminou, precariamente, o rosto de um jovem, talvez ainda adolescente, ou que ainda trouxesse traços dessa época em suas faces.

Rapidamente, porém em silêncio, ele seguiu pela rua acima, sem olhar para os lados, nem para trás. Caminhando com a cabeça baixa e à passos largos, com determinação pela rua escura. Apenas alguns postes iluminavam o caminho do rapaz e na maioria deles uma nuvem de insetos rodopiava incessantemente.

Fazia frio, e por essa razão ele estava com um pesado casaco que o deixava com um aspecto bem maior. Depois de andar por alguns minutos, a rua terminou numa pequena praça com um parquinho infantil em vias da destruição. Os brinquedos avariados, e em grande parte se enferrujando, dividiam espaço com a vegetação cada vez maior. Em um canto, apenas um dos quatro balanços ainda restava, sobrevivente ao passar do tempo.

O rapaz parou e encarou a praça, como se relembrasse de algo que havia ocorrido naquele lugar há muito tempo em sua vida. Há muito tempo, como se fosse em uma outra vida.

Ele olhou para o balanço que ainda restava, parado no ar, e então ajeitou seu boné. Com um pouco menos de pressa, ele caminhou até o balanço e se sentou nele. As correntes reclamaram num leve som de ferro a ponto de se partir, mas ele permaneceu ali.

Um vento gelado uivou pela praça e fez as correntes dos demais bancos tilintarem, ressoando uma marcha agourenta e arrepiante, exatamente como aquelas histórias de fantasmas presos por correntes. O rapaz, porém, não se assustou, nem sequer se moveu. Permaneceu ali, sentado, olhando para o nada, olhando para o parquinho.

Algum tempo depois, ele olhou para o relógio em seu pulso e pareceu se dar conta de que ficara ali mais tempo do que deveria. Ele se levantou e deixou o balanço se movendo, sozinho e vagarosamente. Ele suspirou e olhou novamente pela praça. E então viu algo que não percebera na hora que chegara: uma pequena caixa marrom estava sob um dos bancos da praça.

Ele avançou até o banco e pegou-a, era uma caixa comum de madeira. Ele a abriu e viu um envelope com os seguintes dizeres: “Para Aqueles Que Se Importam”. O rapaz sentou-se no banco e deixou a caixa no banco, voltando suas atenções para o envelope.

Rasgou-o com violência devido à ansiedade e pressa e logo tirou uma carta. Era uma folha colorida de caderno infantil, decorada com pequenos desenhos do Mickey em suas bordas. Palavras rapidamente escritas estavam gravadas em tinta vermelha numa caligrafia que logo foi reconhecida pelo rapaz. Ele estendeu a carta e então começou a lê-la:

“Aos que viverão o futuro,

Estendo à todos que lerem essa carta um vasto sentimento de coragem, compaixão, poder, humildade e comprometimento.

Caso essa carta seja lida por alguém, significa que falhei e estou morta. Significa que tudo em que eu mais prezava na vida foi destruído e que tudo pelo qual lutei, foi em vão. Mas isso não significa que tudo em que acreditei tenha sido esquecido e muito menos deixado de lado.

Entrego à vocês um problema que me destruiu e que irá lhes destruir caso não o resolvam, um problema que surgiu, cresceu e se armou entre nós. E que deve findar por nossa responsabilidade. Pela responsabilidade da Irmandade.

O início do caminho está num coelho, que os guiará assim como guiou Alice certa vez, mas ele não poderá resolver o problema, pois ele não é, nunca foi e nunca será um de nós. Depois de entendê-lo, busquem as palavras, encontrem as chagas e então cauterizem as feridas. E não sejam marcadas. Só assim riscarão a ameaça que me dizimou e espreita a destruição de vocês.

Que a sorte vos acompanhe, até o fim;

J. Carrow”

O rapaz terminou de ler e fechou a carta novamente. Uma lágrima escorreu por seu rosto e ele amassou a carta num dos bolsos.

Dentro da caixa, ele então percebeu mais outra coisa: uma foto. E lá estavam ele e a Irmandade, e ao fundo a primeira formação da Irmandade. Quinze vidas unidas e separadas pela Irmandade e tudo o que ela trouxe.

Ele respirou fundo e guardou a foto também no bolso. Enxugou seu rosto e se levantou. Agora tinha que encontrar o início do caminho.

Um comentário:

Sidereus Nuncius disse...

interessante...um outro livro??
e faça uma correçao no seguinte trecho:
"O início do caminho está num coelho, que os guiará assim como guiou Dorothy certa vez"
o coelho branco 'guiou' Alice, o da Dorothy era o caminho de tijolos amarelos...

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