Os momentos da face sombria da moeda já estão fazendo seus efeitos.
A culpa e o vazio dominam ao mesmo tempo em que as demais coisas que me cercam perdem a cor e o interesse. Afinal, pra quê se preocupar com coisa alguma quando coisa alguma faz sentido para você e pra tua vida?
Estranhos momentos de idealização sentimental[óide] nos quais me apego à algo que não sinto. Exalto algo em que não acredito. Busco algo que não possuo, nem mesmo na profundidade de meu ser.
A roda continua a girar, mas não percebo mais o movimento. Estou preso num filme mudo nos quais as cores parecem distorcidas e as faces das pessoas, borradas.
Insisto na rotina e tudo se desfalece.
Raiva, ódio, desespero, sei lá. Não consigo definir.
Mas somente uma coisa me responde: indiferença.
Perceber a vida alheia é doloroso. À cada prova da atividade da vida, meu vazio se alarga e destrói mais um pouco de uma já frágil esperança.
Esperança essa que já começo a perceber não ser mais esperança, e sim senso de sobrevivência. Algo que enquanto respirar, perceberei como a única coisa que me dá idéia de vida própria.
Algo singular, o mais próximo de um sentimento que consigo sentir.
A face sombria ainda me deixa em torpor, num estado estático, no qual quase nada consegue me mover. Apenas uma dor pulsante ecoa na mente, e parece aliviar durante o repouso.
Com um pouco de sarcasmo, lembro-me novamente de Shakespeare, mas agora de seu lado sombrio, assim como o que passo agora:
"Ser ou não ser, eis a questão. Que é mais nobre para a alma: suportar os dardos e arremessos do fado sempre adverso, Ou armar-se contra um mar de desventuras e dar-lhes fim tentando resistir-lhes? Morrer... dormir... mais nada... Imaginar que um sono põe remate aos sofrimentos do coração E aos golpes infinitos que constituem a natural herança da carne, É solução para almejar-se. Morrer... dormir... dormir..."
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Um comentário:
Acho que está num período da sua vida onde todos somos postos a prova. E ficamos confusos. Isso eu falo porque converso com você sempre que possível. É bom saber que talvez de repente estejando assumindo uma verdadeira personalidade. Nem eu sei bem o que falei agora. Mas nós estamos sempre a moldá-la, chega uma certa hora em que não gostamos daquilo e tentamos tomar outro rumo, ou de repente aderimos outras coisas. Não comento somente seu post, mas a situação em geral. Posso estar redondamente errado. Agora, falando de Shakespeare. Deixa eu ser sincero, realmente eu nunca o li, mas pelo que pude perceber o cara era foda. E agora sim, toda essa mística em volta dele faz sentido para mim. Essa parte que citou achei realmente interessante. Muito dizem que ao dormir conseguimos esquecer aquilo que nós afeta. Mas nossa mente é afetada, e eu acredito, que as coisas piorem naquele momento, nossa mente é algo incrível, difícil entender o que na verdade nos ocorre, em nosso inconsciente. Acredito que vá muito da força emocional da pessoa.
Espero que as coisas comecem a fazer sentido, torço por isso. Como disse em meu post, devemos ser fortes e dar valor para quem nos valoriza e buscar outros sonhos, e tudo virá agregado.
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